Páginas

domingo, 21 de novembro de 2010

Piómetra


A Piómetra é uma infecção da parede do útero que ocorre devido a certas modificações hormonais. Após o “cio” (estro), os níveis de uma das hormonas (progesterona) permanecem elevados durante 8 a 10 semanas, provocando um espessamento da parede do útero como preparação para a gravidez e, se esta não ocorrer após vários ciclos, a espessura da parede continua a aumentar até que se formam quistos no seu interior. A parede quística espessada produz fluidos que criam o ambiente ideal para o crescimento de bactérias. Por outro lado, os níveis elevados de progesterona inibem a capacidade de contracção dos músculos da parede do útero, conduzindo à acumulação nociva destes fluidos.
A utilização de medicamentos à base de progesterona, usados para inibir o “cio” podem provocar o mesmo problema.
A piómetra pode ocorrer em cadelas de qualquer idade após o primeiro cio, no entanto, é mais comum em cadelas mais velhas, cerca de 1 a 2 meses após o estro.
            A entrada do útero (cérvix) está quase sempre fechada, abrindo no estro. Quando está aberto, as bactérias que se encontram normalmente presentes na vagina podem entrar no útero muito facilmente e, se as condições ideais para o crescimento bacteriano existirem, provocam infecção.
            Os sinais clínicos variam consoante o cérvix se encontre fechado ou aberto. Se estiver aberto, pus acumulado no útero drenará para o exterior, notando-se um corrimento de aparência variável na vagina, na pele e no pêlo sob a cauda e até nos locais onde a cadela se tenha sentado ou deitado. Pode ainda notar-se febre, letargia, anorexia e depressão. Se o cérvix estiver fechado, o pus que se forma não é drenado para o exterior. Acumula-se no útero, causando distensão abdominal. As bactérias libertam toxinas que são absorvidas para a circulação. Nestes casos, as cadelas normalmente ficam gravemente doentes em pouco tempo. Perdem o apetite e ficam apáticas e deprimidas. Podem ocorrer vómitos e diarreia. As toxinas bacterianas afectam a capacidade renal de filtrar e reter os fluidos. A produção de urina aumenta e as cadelas bebem água em excesso para compensar as perdas renais. Isto pode ocorrer tanto nas piómetras abertas como nas fechadas.
O diagnóstico deve ser feito pela história clínica e exames complementares, nomadamente ecografia.
O tratamento de eleição consiste na remoção cirúrgica do útero e dos ovários. Este procedimento chama-se ovario-histerectomia (esterilização). No entanto, a maioria dos pacientes está gravemente doente e a cirurgia não é tão rotineira como numa cadela saudável. Geralmente, é necessário estabilizar o paciente através da administração de fluidoterapia intravenosa antes e após a cirurgia. Adicionalmente, é realizada antibioterapia durante 1 a 2 semanas.
Se o tratamento adequado não for realizado rapidamente, os efeitos tóxicos bacterianos serão fatais. Se o cérvix estiver fechado é possível ocorrer a ruptura do útero, disseminando-se a infecção à cavidade abdominal e estabelecendo-se uma peritonite.


O Médico Veterinário é o profissional mais habilitado para esclarecer todas as suas dúvidas e aconselhar quais os produtos mais adequados aos seus animais.


* Director Clínico do Centro Médico-Veterinário VilelaVet
francisco.vilela@vilelavet.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário